Pedro Mandagará
É professor de literatura brasileira na Universidade de Brasília. Organizou, com Rita Terezinha Schmidt, o livro Sustentabilidade: o que pode a literatura?
Contato: pedromandagara@unb.br
Projeto de pesquisa
Amazônia e Estado: ecologia, literatura, violência
A Amazônia sempre representou um desafio para a efetiva ocupação – econômica, populacional, militar, cultural – que os Estados Nacionais projetaram ter sobre a região. Do Vice-Reinado do Grão-Pará até iniciativas contemporâneas como a Usina de Belo Monte, o Estado brasileiro procura ocupar este território, enfrentando, a cada passo, a resistência das populações e dos não-humanos da Amazônia. Em analogia com Pierre Clastres, antropólogo francês que definiu as sociedades ameríndias como sociedades contra o Estado, estou pensando na Amazônia como um território contra o Estado. A antiga imagem da Amazônia como “Inferno Verde” conota a dificuldade que os não-humanos opõem à investida estatal. A imagem da Transamazônica retomada pela floresta é uma figuração contemporânea desta oposição. Da mesma forma, as populações da região, como indígenas, ribeirinhos e os “caboclos”, resistem todo o tempo a uma série de incursões do Estado brasileiro sobre o território.
Diversos discursos, tanto literários quanto na fronteira com o literário, dão conta dos inúmeros conflitos entre Amazônia e Estado. Trabalho com uma concepção aberta do literário, que inclui a literatura oral e o tratamento crítico, a partir do ponto de vista dos estudos literários e da teoria da literatura, de obras geralmente consideradas não-literárias. Nesta pesquisa, o corpus inicial é de obras advindas do território brasileiro, mas com vistas à comparação futura com obras de outros territórios políticos da Amazônia (Guiana, Venezuela, Colômbia e outros). Inicialmente, o recorte temporal privilegia o período pós-1964.
O projeto recebe influxos teóricos da antropologia (Pierre Clastres e Eduardo Viveiros de Castro) e entra em diálogo com autores que tratam da temática e poética ecológica na literatura (como Timothy Morton) e com autores que tratam da violência e soberania como preocupações interligadas (principalmente Walter Benjamin e Giorgio Agamben).
Textos
Nós, os outros: El otoño del patriarca
Notas sobre o fim da História e o último homem
Um defeito de fábrica: o material que falta nas histórias da literatura brasileira
As histórias da literatura brasileira e o período pós-1970
História da edição do Catatau, de Paulo Leminski